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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Isso que é transporte público! – Parte 3 (Trem-bala)

Há umas duas semanas, eu estava assistindo na KBS (emissora pública de televisão coreana) uma reportagem sobre um novo trem-bala comprado pelo governo daqui, que é a versão atualizada do Korea Train Express (KTX, ou “keiti”, como o povo local carinhosamente chama). De acordo com o que eu entendi (com a ajuda do meu noivo), os vagões já estão prontos (e parecem como o protótipo da foto abaixo) e agora eles estão fazendo o processo de adaptação dos trilhos e plataformas de acordo com as necessidades do veículo.

Modelo experimental do novo trem-bala coreano
Foto: KORAIL

                Atualmente, a Coreia tem o sexto transporte mais rápido do mundo nesse gênero, com uma velocidade máxima que chega a 350km/h. Já a nova aquisição aumentaria esse limite para 430 km/h, o que faria com que o país dividisse com o Shinkansen, trem-bala japonês,  a quinta posição no ranking mundial feito este ano pelo Top Ten Collections. Só perderia para os modelos alemão (4º), chinês (3º), francês (2º) e para a nova versão japonesa, chamada Japan’s JR, que é a atual líder e pode alcançar incríveis 580km/h.


Atual padrão do KTX, que vai ganhar novo design

Trem-bala coreano liga Seul a Busan e Mokpo
                
O projeto do KTX antigo já era bonito, mas agora ele vai ficar ainda mais moderno e tecnológico, resultado do trabalho de professores de design industrial da Korea National University of Arts, em Seul. E é extremamente útil para cruzar o país em cerca de 3h. A malha ferroviária do país liga a capital sul-coreana a duas cidades litorâneas: Busan, na costa leste (330km); e Mokpo, no oeste (320km). E ambas têm Daejeon como hub, por ser a maior metrópole no centro da Coreia (o que é ótimo para mim).

O preço também não é tão absurdo assim. A primeira classe da viagem mais longa sai por 62 mil won (em torno de R$ 124), enquanto que a mesma passagem pela econômica custa 45 mil won (cerca de R$90). De Daejeon, por exemplo, eu não gasto mais que uns R$50 para qualquer lugar que eu vá, o que não é caro, se pensar nas facilidades que um transporte como esse oferece: conforto e rapidez. E você pode reservar sua passagem pelo site da Korail (empresa que administra o sistema ferroviário coreano), além de verificar online quantas vagas há disponíveis.



Conforto é um dos pontos positivos do KTX 

É possível também embarcar mesmo quando não há assento livre. Mas o passageiro paga um valor reduzido e pode desfrutar da viagem no bar que fica em um dos vagões (geralmente no de número quatro e não sei se tem algo a ver com a superstição oriental, que eu mencionei em um dos meus primeiros posts). Eles disponibilizam umas poltronas nesse lugar preferencialmente destinadas às pessoas da terceira idade e às outras prioridades. No entanto, nada impede que qualquer um sente lá.


Esse é o projeto interno do novo KTX: menos poltronas e mais conforto
Foto: KORAIL

Outro ponto interessante é que, para entrar nas plataformas ou dentro dos trens, não tem ninguém para receber a sua passagem. Dessa forma, eles apenas controlam a quantidade de pessoas por uma maquininha que um funcionário carrega enquanto passa pelas poltronas. Somente se ele achar que há alguma movimentação estranha, é que pede para ver os bilhetes. Caso contrário, está tranquilo.

 Eu já passei por essa revista quando embarquei no esquema de ficar em pé. Só que eu e meu namorado ficamos perto da parte de bagagens (localizada na interseção dos trens). O rapaz não gostou muito e pediu para ver nossas passagens. Mesmo mostrando, o cara ainda ficou emburrado. Engraçado que tinha um outro cara naquele setor de terno e gravata e não fizeram o mesmo com ele. Aparência é tudo, não?

O compartimento das bagagens onde há maquininhas de bebida e comida e duas cadeiras


Outro problema que eu tive com o KTX foi quando andei de bicicleta até Mokpo. É que eu não sabia que estava tendo um Grand Prix de Fórmula 1 na cidade. Quando chegamos à estação para comprar as passagens para voltar para Daejeon (como não existe linha de ônibus que conecte as duas cidades, era a única forma), às 17h, estava tudo esgotado até o fim do dia. Só conseguimos uma vaga (em pé, lógico), para o trem que partia às 23h. Mesmo assim, o serviço foi bom. E eles deixaram a gente carregar nossa bicicleta.

Estação de Mokpo, cheia de gringos e turistas que foram ver a corrida

Da primeira vez que peguei o KTX, no ano passado, foi engraçado que meu namorado me disse que a gente sairia às 8h. Achei que fosse a hora de sair de casa, mas esse era, na verdade, o horário que o trem partiria. E eu não sabia. Nós corremos loucamente para embarcar na composição com destino a Busan. E, finalmente, conseguimos. Só que, quando fomos sentar, tinha alguém no nosso lugar. Foi quando descobrimos que pegamos o trem do horário de 15 min antes do nosso. Conclusão: tivemos que ir em pé até Taegu para embarcarmos corretamente.


Mesmo com esses contratempos que eu tive com o trem-bala coreano, eu recomendo inteiramente que o turista use esse sistema. É bastante prático e simples (algumas vezes, nem tanto). Além disso, a visão da janela é encantadora. A Coreia tem paisagens lindas e montanhas únicas, que podem ser observadas de dentro do vagão. Sem contar nos rios e nas cidades mais iluminadas que pisca-pisca (algo que eu posso falar em outro post). Só de pensar, dá até vontade de viajar nessa belezura de novo.

Vista da janela do trem
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Esse foi o terceiro post da série “Isso que é transporte público!”, sobre os meios de locomoção na Coreia do Sul. As duas publicações anteriores podem ser lidas nos links abaixo. Embora eu tivesse dito que iria falar sobre metrô também, vou deixar isso para depois.