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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ano Novo e sistema de idade na Coreia

Eu nem acredito que, a partir do dia 1º de janeiro, meu bebê de três meses vai completar 2 anos na Coreia do Sul. Mas seria ainda pior se ele tivesse vindo ao mundo no dia 31 de dezembro. É difícil para um brasileiro pensar que uma criança recém-nascida já teria, com um dia de vida, 2 anos. E isso graças ao sistema de idades utilizado em alguns países do Leste Asiático. Embora tenha surgido na China, hoje em dia, muitos chineses nem sabem como funcionava isso no país deles. Pelo menos, mais de 90% dos meus amigos chineses ficavam muito confusos com a idade dos coreanos.

Foto: http://www.emagasia.com/

                Na Coreia, eles acreditam que, quando se nasce, você já tem um ano. E existe uma data de aniversário universal, que, atualmente, é em 1º de janeiro, ou seja, no dia do Ano Novo do calendário gregoriano (o mesmo que se usa no Brasil). Isso significa que, se alguém nasce dia 31 de dezembro, já tem 2 anos logo no dia seguinte. Antigamente, essa comemoração de mudança de idade era feita no primeiro dia do lichun (em coreano, 입춘), o primeiro período solar dos 24 existentes em um ano, que geralmente cai no dia 4 ou 5 de fevereiro. Dessa forma, não se acrescenta um ano de vida na data do nascimento da pessoa, mas no Ano Novo.

E, de forma simbólica, eles incluem como refeição de Réveillon o tteok-kuk  (떡국), ou sopa de bolo de arroz. Assim, na ceia de todo dia 1º de janeiro, eles incorporaram esse costume, assim como no Ano Novo do calendário lunar, que é uma das maiores festas dos país, em que eles reúnem toda a família para celebrar juntos. Pela tradição coreana, você “comeria” mais um ano, simbolizando, assim, o ato de envelhecer. Inclusive, eles usam como expressão idiomática para alguém mais velho ou idoso que aquela pessoa “comeu muitos anos”. Eu tinha uma professora de coreano na Chungnam National University (CNU) que brincava que tinha apenas 18 anos, já que ela tinha abolido essa sopa do envelhecimento desde que era mais jovem.

"Sopa do envelhecimento", que eu comi na virada de 2013/2014

Há uns cinco anos, a KBS, emissora pública de TV coreana, fez um programa especial de ano novo sobre o perigo de se pedir uma das modalidades dessa sopa no Brasil. Se você incluir pasteizinhos que a gente conhece às vezes como gyoza, mas que os coreanos chamam de mandu (만두), ela vira tteok-mandu-kuk (떡만두국). Mas, se você falar rápido esse nome, soa exatamente como um palavrão em português. E o vídeo abaixo mostra uma matéria em que a repórter questiona brasileiros em Brasília, segundo eles, mas na verdade, era na Av. Paulista , se eles já haviam experimentado essa iguaria. E o resultado é hilário.


No Japão, Vietnã e Coreia do Sul, o lichun (입춘) também é usado por videntes ou religiosos tradicionais como data para indicar o envelhecimento. No entanto, a ideia de um aniversário universal desapareceu de quase todos os países da esfera cultural do Leste Asiático, China e Japão, sendo trocado pelo sistema ocidental. Só a Coreia do Sul e algumas partes do Vietnã têm mantido essa tradição. Muitos coreanos, inclusive, não têm noção de que essa regra não é a mesma no restante do mundo. Por isso, quando for perguntar a idade de um coreano, é preciso tomar cuidado e verificar se ele sabe como funciona em outros países.

 Além disso, a maioridade coreana é aos 20 anos. É a partir daí que eles podem ser presos, ingerir bebida alcoólica e tirar a carteira de motorista. Isso quer dizer que, na idade ocidental ou brasileira, algumas pessoas seriam emancipadas aos 18, enquanto outras somente com 19, dependendo da data de nascimento do indivíduo. Nesse sentido, quem nasceu no dia 31 de dezembro é mais sortudo, já que se torna adulto antes de quem veio ao mundo em janeiro. Mas, para quem tem problemas com o envelhecimento, fazer aniversário nos primeiros dias do ano é uma dádiva e um alívio.  
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Enfim, eu sempre fiquei me perguntando o porquê de os coreanos quererem ser mais velhos que as pessoas dos outros países. Até a China e o Japão já desistiram desse sistema, mas a Coreia do Sul tem mantido firmemente essa tradição etária. Eu acho bem interessante as diferenças culturais e ver que, mesmo com a globalização, alguns países conseguem seguir com seus costumes, mesmo que pareçam meio loucos ou bem diferentes para pessoas de outros lugares do mundo. Mas, na convivência com estrangeiros, a gente acaba se acostumando a essas diferenças e entendendo certas coisas. Adoro ter uma família multicultural.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Coreanos nascidos fora do país

Muitos são os benefícios de ter pais de países diferentes: saber falar mais de uma língua, ter uma experiência multicultural e, talvez a melhor parte seja a tal dupla nacionalidade. Quando eu decidi ter meu filho no Brasil, me veio à mente a questão de como eu faria para registrar a criança na Coreia. Meu marido me explicou que seria fácil e que, inclusive, ele poderia ter outro nome, como eu tinha explicado no post anterior. Fiquei rindo pensando como uma pessoa teria dupla identidade. Mas isso não só é possível como é comum em um país onde existe uma métrica muito específica na hora de nomear alguém.



Então, quando meu bebê nasceu no Brasil, há um mês e três semanas, aproveitamos que cinco dias depois meu marido iria para a Coreia, e providenciamos rapidamente uma certidão de nascimento para ele. Além disso, precisava de uma tradução juramentada para coreano ou inglês. Se eu morasse em São Paulo, talvez seria fácil achar um tradutor para coreano, mas, no Rio de Janeiro, optamos pelo inglês mesmo. Na Coreia, foi necessário levar esse documento a uma sub-prefeitura, que é um órgão do governo dividido por áreas administrativas da cidade (nome do bairro +  [chong], foto). Também é necessário apresentar a certidão de casamento dos pais e o certificado de relação familiar (가족 관계 증명서).


Pronto. Poucos dias depois de nascer, ele já tinha registro no Brasil e na Coreia, ou seja, uma dupla nacionalidade, que vai poder manter até os 18 anos. Quando alcançar a maioridade, terá que optar por uma só, por questões militares, já que os homens são obrigados a servir o Exército na Coreia do Sul. A questão foi na hora de escolher o nome dele, que meu marido decidiu por Min-Ho (민호). Isso quer dizer que ele quebrou a tradição da família, pois todos os meninos da geração do nosso filho (ou seja, os primos dele) deveriam ter a sílaba “Seob” () no nome. Mas, de acordo com ele, essa terminação soava muito mal, mesmo tendo um significado interessante (“harmonia”). E agora ele tem dois nomes: Alan Annunciação Choi e 최민호 (Choi Min-Ho).

Símbolos dos clãs coreanos: tradições são essenciais para esse povo

Outro caminho, talvez mais fácil para quem não pode ir à Coreia, seria registrá-lo na embaixada ou consulado coreano no Brasil. Isso leva um pouco mais de tempo (uns dois meses) para ficar pronto e é necessário apresentar alguns documentos: registro de casamento dos pais efetuado na Coreia; formulário de registro preenchido; certidão de nascimento original (sem devolução); passaporte original e cópia dos pais; registro familiar dos pais. Agora, só falta tirar um passaporte para ele tanto no Brasil quanto na Coreia e ele vai poder sair pelo mundo, visitando até 166 países, inclusive os EUA, sem necessidade de visto (meu baby está chique).

Eu também poderia tirar minha cidadania coreana, mas teria que abrir mão da minha nacionalidade brasileira (pelo menos, enquanto estivesse em território coreano), e é um processo bem demorado e trabalhoso. Por isso, decidi continuar com meu passaporte brasileiro mesmo e, se for para os EUA, entro na fila para tirar visto. Fazer o quê? Na verdade, estrangeiros podem conseguir a cidadania coreana e há diversos interessados nessa fila. Escrevi sobre isso no BrazilKorea, site que atualizo e, quem tiver curiosidade, pode saber mais aqui.
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Eu vivo pedindo desculpas e vou ter que fazer isso mais uma vez. Fiquei longe daqui por mais de um mês. Cuidar de um bebê tão lindo e gracioso dá trabalho demais. E deixa a gente cansada e sem dormir. Estou planejando vários posts interessantes, mas me faltam determinação e tempo para isso. Ainda mais agora que, até dia 13 de dezembro, tenho provas da faculdade e estou estudando pra caramba. E ainda tem a monografia. Mas prometo que escrevo pelo menos mais alguma coisinha até o fim do ano. Podem deixar sugestões do que gostariam de saber e vai ficar mais fácil para mim. Até mais!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Como se formam nomes coreanos

Pode parecer meio louco, mas já faz dois anos que eu e meu marido (na época, ainda noivo) já tínhamos decidido como nossa futura filha iria se chamar. Escolhemos o nome Hana (하나) por significar “primeira” em coreano e por soar bem em português. Quando descobri que estava grávida, ainda sem saber o sexo, comecei a pensar também em alguma opção masculina que pudesse ser genérica para os dois países. Na tentativa de formular nomes e mais nomes, percebi que não seria tão fácil assim. Quando mostrei a lista que havia feito para a minha sogra, ela gargalhou e veio me explicar que, sendo homem, o bebê teria que seguir a tradição da família e ter a sílaba “seob ()” no final do nome, assim como as outras crianças da mesma geração. Resumindo, o menino, sendo tanto brasileiro quanto coreano, precisa ter dois registros com nomes diferentes, o que não seria necessário se fosse menina.
  
Nomes coreanos têm apenas três sílabas, sendo a primeira delas o sobrenome

Foi quando eu constatei o quanto os clãs ou shijok (씨족) são importantes na Coreia. Os coreanos são um dos povos que mais preserva suas raízes e essa noção de ancestralidade. E se dividem nesses grupos. Meu marido disse que eles sabem exatamente a que geração da família pertencem pelo nome e isso fica registrado em um livro, em que vão acrescentando os novos integrantes de acordo com o nascimento dos filhos, netos, bisnetos. Cada homem que nasce dá continuidade ao clã. Há, assim, uma tradição de que o primeiro filho seja, preferencialmente, do sexo masculino, já que, culturalmente, a mulher passa a pertencer ao clã de seu marido quando se casar. E, infelizmente, existem mais homens que mulheres na Coreia porque a quantidade de abortos é ainda grande quando descobrem que é menina.  Por isso que o obstetra coreano relutava em me dizer o sexo do meu bebê e, foi com alívio na voz, que anunciou que era menino.

No "Parque das Raízes" (뿌리 공원), o símbolo do clã do meu marido

Aí, surgiu a questão de escolher o nome da criança, o que não tinha muitas opções, já que havia sido escolhida a última sílaba do nome dele. Sendo o meu bebê integrante da 32ª geração dos Choi (ou ), todos os seus primos e irmãos teriam que incluir no nome o Seob ( ou), que significa harmonia ou combinação. O problema é que há poucas combinações legais com essa sílaba. E acabou sendo escolhido o nome Min Seob (민섭). Esse sistema é adotado para indicar as gerações de cada clã, tornando mais fácil o resgate das histórias deles. E isso diz muito sobre um povo marcado pela “cultura do coletivo”, que sempre pensa no conjunto.  E aí, o bebê, nascendo no Brasil, levaria o nome que eu escolhesse, que no caso foi Alan (soa que nem em inglês), por ser uma opção mais internacional. Como temos planos de morar em outros países, achei que seria a alternativa ideal.
               
Como formar nomes coreanos
           
     É engraçado que nunca disse isso, mas existe uma métrica para formar nomes coreanos. O meu, por exemplo, tem quatro sílabas, o que é considerado muito longo para o estilo deles, que segue um padrão definido bem curtinho, super diferente do que a gente tem como referência: primeiro, vem o sobrenome da família do pai, ou nome do clã, de apenas uma sílaba, como Lee (), Kim (), Park (), Choi (), etc.; em seguida, aparece o nome, que pode ter até duas sílabas, mas existem alguns com apenas uma e, em casos raros, com três, embora não sejam muito aceitos por eles, por serem considerados “difíceis”. Coreanos têm um pouco de aversão a nomes longos. Por isso, o meu foi reduzido a A-ri-an (아리안), embora minha sogra me chame de A-ri-a (아리아). Quanto menor, melhor.
                Uma nova tendência, no entanto, tem surgido com a influência da cultura europeia e americana na Coreia. Para as meninas, nomes como Suzi e Jéssica têm se tornado mais comuns. Em relação aos homens, por causa daquela questão do clã, eles inventam um nome em inglês ou outro idioma quando conversam com estrangeiros. Meu marido, por exemplo, eu conheci como Jerry, mas o nome dele na Coreia é Byung Kyoun (병균), que foi escolhido na mesma linha da geração do clã (todos os primos levam esse Byung no nome), e foi causa de muito bullying na infância dele, porque essa palavra significa exatamente germes ou vírus. Tadinho, toda vez que a gente ia em alguma consulta médica na Coreia e eu entrava com ele, éramos obrigados a ouvir dos médicos alguma piadinha com o nome dele. Fico pensando como deve ter sido quando ele era menor.

Nomes ocidentais como Jéssica têm sido mais comuns na Coreia

Enfim, já sabe que se você conheceu um coreano chamado Matt, Jack, Juan ou qualquer coisa parecida, provavelmente, ele inventou ou recebeu sugestão de algum professor de inglês. A minha cunhada, por exemplo, se apresentou como Reese, embora o nome verdadeiro dela seja outro. Confesso que eu ainda não decorei como ela se chama porque, até para mim que estou aprendendo o idioma, os nomes coreanos são muito complexos. Foi um sacrifício decorar os nomes dos meus professores. E meus colegas chineses? É engraçado que existe uma regra também para converter os nomes chineses para o coreano.

Na Coreia, eles costumavam usar antigamente os mesmos caracteres dos chineses. Mas, há mais de 600 anos, um rei criou o hangeul (한글), sistema de escrita coreano, cuja data de criação é tão importante que virou feriado na Coreia (e foi nesse mês, dia 9 de outubro) [ver foto]. Isso significa que os coreanos ainda aprendem na escola esse sistema chinês, chamado de hanja (한자), só que a forma de leitura foi adaptada ao idioma deles, ou seja, tem um som diferente. Por isso, quando os chineses vão para a Coreia, eles passam a ser chamados pela forma como se lê lá. Assim, minha amiga 雪霞 (Xue Xia) ganhou o nome de Seol-ha (설하) na Coreia; Lin Zin virou Im Jong (임정) ; Wan Yin passou a se chamar Man-eun (만은). Raros são os nomes que mantêm a pronúncia do chinês, que é muuuuito diferente da coreana. Por isso, para quem achava que era a mesma coisa, eu já aviso que não é.

Evento promovido pela prefeitura de Daejeon  no dia do Hangeul em 2013

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                Bom, desculpa ter demorado tanto (mais de um mês) para postar algo novo, mas é que a rotina cuidando praticamente sozinha de um bebê recém-nascido, somada ao trabalho home office e aos estudos da faculdade estão um pouco puxado para mim. Mas, agora que eu já me adaptei e que meu pequenino está quase com um mês de idade, acho que consigo postar com mais frequência. Semana que vem, explico como faz para registrar um baby nos dois países e, talvez, mais para frente, em relação a como obter a nacionalidade coreana. Além disso, agora estou atualizando o site BrazilKorea e fiz um post parecido com esse lá. Quem quiser conferir, é só acessar aqui.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Saúde de qualidade - SUS coreano

Uma das coisas que os coreanos mais têm orgulho é da estrutura médica à disposição deles. E, realmente, eles têm bastantes motivos para isso. Poucos países no mundo têm um sistema único de saúde como o da Coreia. Não é gratuito nem tão democrático quanto o brasileiro, mas funciona perfeitamente bem. Desde janeiro, quando casei com o Jerry, tenho direito a utilizar esse “SUS” ou NHI (National Health Insurance), como eles chamam. E fiquei apaixonada principalmente pelo fato de que o usuário pode visitar praticamente qualquer hospital ou instituição de saúde do país (públicos ou privados), inclusive as de medicina tradicional coreana (haneui-won ou 한의원, foto), acupuntura e quiropraxia e o governo cobre até 70% dos custos.


O único problema é que não é de graça. Além de você ter que pagar 30% do valor gasto, ainda é descontado um percentual do salário do chefe da família todo mês, de acordo com determinada faixa salarial. Eu entrei como dependente do pai do meu marido, já que o imposto é cobrado por residência e estávamos todos morando na mesma casa. A melhor parte é que cada usuário tem direito a um check-up gratuito completo, inclusive no melhor hospital coreano (foto), se a pessoa quiser, a cada dois anos. Qualquer estrangeiro pode se inscrever, principalmente os que trabalham ou estudam no país, mas quem não tem esposa ou marido nativo paga mais impostos que os coreanos.  Além disso, se alguém tiver filho no país, mas enfrentar dificuldade para arcar com a taxa, o governo oferece um subsídio.

Hospital da Seoul National University (SNU), o melhor da Coreia

                Eu já tinha um seguro de vida exigido para os estudantes da universidade que eu frequentava. Mas, até janeiro, eu tinha que pagar valor integral sempre que acompanhava meu marido em algum desses centros de medicina tradicional – sobre o qual vou falar com certeza no próximo post. E foi muito fácil me inscrever no SUS deles. Só precisei enviar por e-mail uma cópia do meu cartão de estrangeiro (ou Alien Registration Card), da certidão de casamento e do registro familiar dos pais dele com meu nome incluso. Na mesma semana, eles enviaram para a minha casa o meu “cartão do SUS”. Interessante que, como meu nome é muito grande para eles, foi reduzido apenas para Rodrigues (sobrenome por parte de mãe) e eu sempre esqueço que sou eu quando sou chamada no médico.   

Para quem está grávida, os benefícios são maiores. A taxa de natalidade está caindo a cada ano na Coreia, por causa da maior independência feminina e das mudanças no planejamento familiar. Isso significa que a quantidade de filhos por família é menor que antigamente. Por isso, o governo incentiva bastante a fecundidade, oferecendo um cartão no valor de 500 mil won ( mil reais), que pode ser usado durante todo o período do pré-natal e financia integralmente as consultas, exames, remédios, inclusive ultrassonografia em 3D. Em relação ao parto, a cobertura é de até 500 mil won ( mil reais), apenas se for normal. Em caso de cesárea, a pessoa tem que arcar com todos os custos, que podem chegar a 5 milhões de won ( 10 mil reais).      

Caderneta do controle da gravidez no pré-natal, com o cartão dado pelo governo

Um pouco de história

O governo coreano implantou esse National Health Insurance (NHI) ou Sistema Único de Saúde (SUS) em 1977, baseado no modelo japonês. Nesse intervalo de tempo, mesmo passando por problemas financeiros, o país conseguiu manter a qualidade da prestação do serviço e ainda ampliou seu alcance, No início, apenas instituições com mais de 500 empregados tinham direito ao subsídio do governo. Mas, até a década de 1990, todos os coreanos passaram a poder se beneficiar com essa ajuda. Durante a crise mundial em 1997, uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) causou um grande déficit, que foi sendo revertido nos anos seguintes. Hoje, a Coreia conseguiu alcançar determinada estabilidade para manter a qualidade dos serviços médicos oferecidos.

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É assim que funciona esse sistema, que permite ao usuário fazer uso de toda a rede de saúde do país, tanto pública quanto privada, mas não é gratuito como o brasileiro, embora seja acessível a todos. Só sai totalmente de graça na Coreia se a pessoa comprovar insuficiência de renda, o que, de certa forma, faz com que seja democrático. Os brasileiros nunca precisam pagar, mas também nem sempre conseguem atendimento de qualidade. É difícil comparar as duas realidades, por serem bem diferentes, até na questão populacional ou na extensão territorial, mas o Brasil tem muito a aprender com a Coreia em relação à excelência dos serviços, algo que eles prezam muito e que não se importam se é preciso arcar com alguns custos disso.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Choque cultural (2) – Comida e etiqueta coreana

Comida é geralmente uma das maiores preocupações quando alguém visita um lugar novo. Já tinha mencionado isso quando falei das churrascarias brasileiras na Coreia, mas hoje o assunto é a gastronomia coreana, conhecida por ser apimentada, pouco gordurosa (às vezes) e ter muitas sopas, com legumes e verduras. Nos meus primeiros dias no país, foi bem difícil me acostumar com o kimchi (김치) (foto), que é acelga fermentada, base da culinária deles. Também demorei a me adequar a algumas regras de etiqueta na mesa, como comer arroz sempre com colher, cortar carne com tesoura, ou colocar o arroz do lado esquerdo da sopa. Realmente, para o paladar do brasileiro, alguns pratos coreanos não parecem, à primeira vista, muito apetitosos, mas, em pouco tempo, eu já estava apaixonada pela maior parte das comidas locais.  

Kimchi (acelga fermentada), principal acompanhamento da culinária coreana

E meu primeiro encontro com comida coreana não foi, na verdade, nem na Coreia nem no Brasil. Eu experimentei quando fui a Madri, na Espanha, em 2011. E, o que mais me chamou a atenção foi quando o Jerry pediu um prato e a carne veio crua. Fiquei apavorada pensando em como eu comeria aquilo, quando, de repente, o garçom abriu um buraco na mesa e a gente começou a cozinhá-la. Depois descobri que essa é uma característica das “churrascarias” coreanas. Quase todos os restaurantes são do estilo “faça você mesmo”. Eles gostam de fiscalizar a qualidade e de dar o ponto que quiserem. E, como carne bovina é um artigo de luxo na Coreia, geralmente, a preferência é pela carne de porco, sendo o corte mais popular no país a barriga suína ou samgyeopsal (삼겹살).

Em um restaurante coreano em Madri, me assustei quando veio a carne crua

Cozinhando barriga suína numa churrascaria em estilo coreano

E é nesse tipo de restaurante onde você tem que cortar a carne com a tesoura, o que foi outro choque cultural para mim. Em relação aos instrumentos na mesa, os coreanos têm várias regrinhas. Na maioria das casas, só se usam hashis, colheres e tesouras. Nada de garfo e faca, embora esses dois já estejam mais presentes nos restaurantes “modernos” e “ocidentalizados”. Não se come arroz com palitinhos, por exemplo, só com colher. Além disso, minha sogra ficava toda hora interrompendo minha refeição quando eu colocava o potinho de arroz do lado direito da sopa. Eles dizem que a forma certa de ser servida é do lado esquerdo, o que, para mim, até hoje, dá no mesmo, mas, para não criar atrito, tento seguir as normas da casa.

Mesa posta em uma casa coreana, com o arroz sempre do lado esquerdo da sopa

 Em relação aos pratos, a comida meio que se repete toda semana. E não é só na casa dos meus sogros. Conversando com minha professora de coreano, ela explicou que é meio que uma regra nacional. Eles vão intercalando as sopas, que sempre acompanham arroz, kimchi e outros complementos que variam de família para família. No topo da lista de sopas mais populares entre os coreanos, está o miyeokguk (미역국) (foto), que é feito de algas e também é o prato que deve ser comido nas datas de aniversário. Esse é um must-have da culinária coreana.  Em segundo lugar, está o kimchi jjigae (김치찌개) (foto), sopa elaborada com kimchi. A minha sogra coloca junto carne de porco e tofu, o que fica uma delícia. Outros pratos entram nesta lista como o doenjang jjigae (된장 찌개) (foto), tipo de guisado que leva pasta de soja fermentada e tofu; além do curry coreano (foto).

O miyeokguk, sopa de algas que os coreanos comem no aniversário

O kimchi jjigae, sopa de kimchi (acelga fermentada)

O doenjang jjigae, sopa de tofu com pasta de soja fermentada

Um delicioso curry coreano

Já me deu água na boca só de falar. A lista é longa, mas esses são apenas alguns exemplos. Na casa do meu marido, além dos acima citados, toda semana precisa ter ainda sopa de inhame e a de agrião, especialidades da minha sogra, que trabalhou durante 25 anos como cozinheira do refeitório da KAIST, maior universidade tecnológica coreana. Aliás, além de arroz e kimchi, um dos acompanhamentos favoritos dos coreanos é a batata-doce. Eles adoram comê-la com casca e tudo. Existe, inclusive, torta de batata-doce, uma das sobremesas mais apreciadas por esse povo. Um prato que geralmente é o favorito dos estrangeiros na Coreia é o bulgogi (불고기) (foto), uma carne mais adocicada, mas que, por levar carne bovina, nem sempre está ao alcance de toda família coreana e acaba sendo uma opção para datas especiais. 

Bulgogi, carne adocicada, considerada prato favorito dos estrangeiros

Outro choque cultural é quando se resolve ir a um restaurante tradicional coreano. Tirar o sapato para entrar em determinados locais, como hospitais, é algo normal no país. E, nesses estabelecimentos, acontece da mesma forma. Então, você já tem que se preparar psicologicamente antes, colocando uma meia bonitinha. Além disso, geralmente, se senta em almofadas no chão, o que, para mim, é extremamente desconfortável. Na Coreia, um ponto positivo dos restaurantes é que os acompanhamentos são sempre refil, ou seja, pode pedir mais kimchi e legumes à vontade e não será paga nenhuma taxa extra por isso. Além disso, por uma regra social, não se pode negar água a ninguém, o que significa que ela vai ser sempre gratuita.

 
Restaurante tradicional coreano, com mesas baixas, tesoura para cortar carne, água e acompanhamentos de graça
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Esse é um dos choques culturais mais gostosos para o estrangeiro. A gente paga bastante mico quando não conhece direito algumas regras do país, mas depois acaba se adaptando. Só que alguns erros podem ser sérios do ponto de vista deles. Servir bebida alcoólica para mais velhos, então, requer bastante perícia e informação, que eu não tinha na época. Fui repreendida pela minha sogra por não segurar a garrafa de soju com as duas mãos, o que posso contar com mais detalhes depois. Isso significa que fui extremamente rude e não respeitei as hierarquias, uma falta grave na Coreia. Algumas regras de etiqueta coreanas são bem complexas e eu cometi muitas gafes e atritos com meus sogros por causa de pequenos detalhes que fazem toda a diferença para eles.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Choque cultural – Sapatos na Coreia

No último post, quando eu contei como conheci meu marido, comentei sobre algumas coisas curiosas no nosso relacionamento por causa do choque cultural. Na verdade, no nosso primeiro encontro, em Madri, já cometi uma gafe. Estava toda empolgada planejando o presente que daria para ele, comprei umas caixinhas lindas em formato de coração, escrevi várias mensagens fofas, separei bichinhos de pelúcia. Além disso, como a Havaianas é uma marca brasileira famosa, imaginei que seria um tipo de lembrança perfeita. Quando entreguei para ele, percebi que ficou meio sem graça e disse que tinha gostado, mas que teria que dar para um amigo. Na hora, me espantei com a reação, mas depois entendi o motivo: na Coreia, acredita-se que presentear namorado/a com sapatos dá azar (um pouco parecido com a ideia no Brasil de dar perfume, mas os coreanos levam essa superstição bem a sério). Eles dizem que, se você der, seu amor pode fugir de você para sempre.

Em Madri, Jerry recusou minhas Havaianas de presente, mas o erro foi meu

Isso foi em 2011. Mas, ano passado, quando fui morar na Coreia, o Jerry insistiu que eu precisava de um tênis novo para o inverno porque, de acordo com ele, o que eu tinha levado ia me fazer congelar. Então, ele me levou para 중앙로 (Jungang-no), que é a rua de Daejeon onde estão quase todas as sedes das grandes marcas de lojas de sapato (Adidas, Nike, Reebok, Puma, entre outras). Eu esqueci de novo da superstição coreana e achei que ele iria me dar de presente, mas, assim que chegamos lá, ele veio me dizer que precisávamos passar no banco para eu tirar dinheiro e pagar pelo par. E eu nem queria comprar nada, mas entendi e aceitei. Aí, surgiu outro problema: eu descobri que não seria tão fácil achar algo que coubesse em mim. No Brasil, eu calço 38 (entre o tamanho 255 e 260 coreano), mas, na Coreia, sapato feminino não passa do nosso 36 (ou 240).

                Entramos em todas as lojas, vasculhamos cada canto, mas os modelos mais bonitos e/ou baratos não tinham no meu número. Um atendente disse, entre risos, que era melhor eu procurar na seção masculina. Ou seja, fui chamada indiretamente de pé grande. A reação de todos quando eu dizia meu tamanho era a mesma: ficavam espantados, como se perguntassem “Isso tudo?”. Depois de horas de busca, desistimos naquele dia e resolvemos voltar depois, porque, na Adidas, disseram que chegaria um novo modelo que talvez coubesse em mim. Fizemos isso e, no outro dia, percebi que eles só tinham o 250 (ou o nosso 37). Como eu não queria ser obrigada a comprar tênis em loja especial, aceitei esse mesmo, embora tivesse ficado um pouquinho apertado.

Os tênis adquiridos na Adidas, um número menor que meu pé

                Outro dilema com sapatos foi para meu casamento. Na sessão de fotos, como a escolha das roupas foi feita no mesmo dia do ensaio, eles me perguntaram apenas 50 minutos antes quanto eu calçava. Quando respondi, percebi que ficaram atônitos. Começaram uma busca incessante, porque parece que eles só tinham um sapato daquele tamanho e, como ninguém usava, não sabiam onde estava. O pior foi no dia da cerimônia. Eles realmente não tinham meu número e disseram que o maior modelo disponível era um 240 (nosso 36) e que eu teria que usar aquele mesmo ou comprar outro com urgência. E não sei se eu já disse antes, mas, como meu marido estava trabalhando na Nigéria, fizemos a festa durante as férias dele. Então, tivemos menos de uma semana para preparar quase tudo e, inclusive, para escolher meu vestido de noiva. Resultado: casei com um sapato bem menor que o meu pé.

Sessão de fotos com o único sapato que era exatamente do meu número

                Bom, já deu para perceber que a relação Coreia-eu-sapato é muito turbulenta. E, quando se trata de roupa, o negócio fica muito pior, mas vou deixar para falar disso outro dia. Minha sogra, coitada, sofreu para comprar presentes para mim. Sempre tinha que devolver tudo. É triste admitir, mas, no inverno, eu fui obrigada a vestir apenas calças masculinas (como as da foto). E, em relação aos sapatos, teve ainda um dia em que a gente foi fazer trilha e escalada e eu usei o tênis de montanha da mãe do Jerry. Ela calça dois números a menos que eu. Nem preciso dizer que acabei com o meu pé todo. Enfim, a Coreia me fez perceber o quanto eu sou gorda e tenho pezão. Só tenho a agradecer a esse povo que ajuda a conservar minha (baixa) autoestima.    

Eu vestida no estilo "ajhuma", com tênis de montanha pequenos para mim

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Como arrumei um marido coreano – nossa história

Toda vez que digo que meu marido é coreano, as pessoas logo ficam curiosas para saber como a gente se conheceu, em que idioma se comunica, entre outras coisas. Nossa história é um pouco inusitada e só deu certo por muito esforço de ambos (mais dele do que meu, na verdade). Hoje, dia 15 de agosto, a gente completa cinco anos desde nosso primeiro bate-papo online e três anos que nos encontramos pessoalmente pela primeira vez. Para comemorar esse marco, fiz uma retrospectiva da nossa biografia e vou contar isso por meio das perguntas mais comuns que eu escuto de amigos e até desconhecidos:



Como vocês se conheceram?
Quem nos uniu foi a Internet, em agosto de 2009, assim que eu comecei o curso de japonês no CLAC da UFRJ. E foi uma super coincidência, porque eu simplesmente estava querendo praticar mais a língua e digitei no Google: “aprendizado de idiomas gratuito”.  A primeira opção que apareceu foi o Live Mocha, uma rede social em que falantes nativos da língua que você quer estudar corrigem seus exercícios e interagem com você.
Depois de uns cinco dias de uso, conheci muita gente nova, com quem falava mais em inglês do que japonês (até porque eu ainda era iniciante neste último). E, dentre os japoneses, chineses, americanos, britânicos, argentinos, indianos e quenianos, estava o Jerry, único coreano da lista. Ele é graduado em japonês e havia morado no país por um ano. Além disso, estava indo fazer um intercâmbio na Inglaterra em alguns meses. Por isso, queria me ajudar e, ao mesmo tempo, praticar inglês.

Mas por que aprender japonês?
Uma pessoa que certamente influenciou nisso foi minha amiga de faculdade, Rafaela. Até 2007, eu não tinha nenhum interesse pelo Oriente. Só tinha visões estereotipadas e considerava nerd todo mundo que gostava de animes, mangás e cultura japonesa. Mas, depois que essa amiga me apresentou as novelas orientais, chamadas de doramas, comecei a ter uma profunda admiração, primeiramente pelos japoneses e, mais tarde, por taiwaneses, coreanos e chineses. Então, assim que terminei o curso de espanhol, corri para aprender japonês. Da parte dele, quem indicou o Live Mocha foi um amigo, nosso outro cupido.

E como esse relacionamento saiu da Internet?
Depois de conversar por uns seis meses, percebemos um interesse maior um pelo outro, mesmo que fosse um relacionamento apenas online. A gente se falava diariamente e confidenciávamos as partes boas e ruins do nosso dia. Ele, com as dificuldades e aprendizados do intercâmbio e eu, com meu curso de japonês, trabalho (na época com tradução), faculdade de Jornalismo e assuntos diversos. Depois de mais ou menos um ano, passamos a nos corresponder por cartas e até a enviar pequenos mimos de presente (fotos). Ele me pediu em namoro e eu aceitei, mas, ao mesmo tempo, tinha medo de que não passasse da Internet.

Primeiro presente que recebi dele, antes de nos conhecermos pessoalmente

Mimo  recebido no Valentine's Day
Presente de Natal que eu mandei

No início de 2011, depois de economizar bastante, resolvi que faria, em agosto, minha primeira viagem internacional para Madri, capital espanhola, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento católico. Quando avisei a ele, ficou tão animado porque seria a oportunidade ideal para a gente se encontrar, e, mesmo que ele não seguisse a mesma religião, participou de tudo comigo. A expectativa do evento e, ao mesmo tempo, de encontrá-lo, era grande. E isso aconteceu no dia 15 de agosto, que coincidentemente também era a data em que começamos a nos falar pela Internet.

Nossa primeira foto juntos

Em Madri, quando nos conhecemos pela primeira vez 

O que seus pais achavam disso?
                Minha mãe sempre foi muito incentivadora de meus relacionamentos online. Com 15 anos, eu conheci meu primeiro namorado pela Internet e ela participou de todo o processo desde a ler minhas conversas com ele até me levar para Volta Redonda, cidade onde ele morava, para conhecê-lo pessoalmente. Em relação ao Jerry, eu tinha contado sobre ele, mas nesse caso, ela ficou um pouco mais apreensiva por ser estrangeiro, não conhecer aspectos culturais do país e, principalmente, pela distância.
A primeira vez que recebi uma correspondência dele lá em casa foi tão engraçado que meus pais acharam que era uma bomba (ainda mais que a caixa estava cheia de escritos em coreano, que, para eles, eram algum código mortífero ou sei lá o que). Minha mãe disse que a gente só abriria na praia de Saquarema e, qualquer coisa, tacava no mar. Mas eram apenas chocolates e doces, para a nossa alegria!

A "bomba" enviada por ele

Quando nos encontramos pessoalmente, em Madri, tinha medo de que eles não me deixassem ir se eu contasse que ele iria estar lá. Então, só dei a notícia para meus pais no dia em que estava partindo. Eles ficaram meio chateados comigo pela falta de confiança, mas, depois, me perdoaram. Até receberam ele na minha casa no ano seguinte e em 2013, nas quatro vezes em que ele veio para o Brasil.

No Pão de Açucar


Marquês de Sapucaí durante o Carnaval carioca

Em que idioma vocês se falam?
Embora eu esteja aprendendo coreano e ele português, ainda nos comunicamos basicamente em inglês. Mas, com os meus sogros, sou obrigada a falar coreano e ele tem que se virar no português para entender minha família.

Depois do primeiro encontro, como continuaram com esse relacionamento à distância?
Ficamos juntos por uns dez dias em Madri, participando do evento. Depois disso, ele voltou para a Coreia e eu vim para o Brasil. No mês seguinte, ele começou a trabalhar num projeto da Hyundai em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. E, como tinha direito a férias de três em três meses, resolveu passar esse tempo no Brasil para passear e estudar português. A empresa pagava pela passagem aérea, o que fazia com que a viagem não saísse tão cara.

Natal em família na minha casa

Passeio para Saquarema, Região dos Lagos (RJ)

Escadaria Selaron na Lapa (RJ)

MAC em Niterói (RJ)

Desde nosso segundo encontro, ele me deu um anel de noivado e decidimos casar em um ano ou dois. No final de 2012, ele se demitiu da Hyundai com planos de morar no Brasil. E, antes disso, planejamos uma viagem para eu conhecer a Coreia. Ele foi um fofo, saiu de Abu Dhabi, veio me buscar em casa (loucura) e partimos para o país dele, onde fiquei hospedada na casa dos meus sogros por quase um mês. Depois, voltamos juntos para o Brasil.

Anel de compromisso que ele me deu em Madri

Em Dubai, durante conexão para Coreia
O problema é que o verão carioca e a nossa comida extremamente salgada fizeram mal a ele. Ele decidiu, então, ir para a Coreia, com data marcada para voltar ao Brasil em junho de 2013. Foi quando começamos a agilizar o nosso casamento. Mas a morte da minha mãe, em agosto, nos deixou abalados e ele me chamou para passar um período na Coreia, estudar em alguma universidade de lá e depois voltar para terminar minha faculdade no Brasil.


Estúdio de Jornalismo da SBS, emissora coreana onde minha cunhada trabalha

Cadeados na Seoul Tower

Passeio para Kyoto, Japão

Quais são os planos para o futuro? Brasil ou Coreia?
Talvez, nenhum dos dois. Agora que casamos, ele está trabalhando na Nigéria (é isso mesmo, onde estão acontecendo casos do vírus ebola), e, como eu não podia ir com ele, estou de volta ao Brasil para me formar em História e depois voltar para a Coreia. Temos planos, no entanto, de morar em algum outro lugar, provavelmente Canadá ou Austrália, mas vamos esperar as oportunidades que surgirem. Como ele tem muita experiência de trabalho no exterior, não deve ser tão difícil.

Sessão de fotos do nosso casamento


Lua de mel em Boracay, Filipinas

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Essa foi basicamente nossa história. Depois, faço outro post sobre algumas curiosidades em relação a choques culturais da relação entre pessoas de dois países tão diferentes, como por exemplo, mancadas que cometemos um com outro por falta de conhecimento das tradições e costumes de cada um. Temos muitos casos engraçados e constrangedores, mas vou deixar para falar disso em outro momento.