Muitos são os
benefícios de ter pais de países diferentes: saber falar mais de uma língua,
ter uma experiência multicultural e, talvez a melhor parte seja a tal dupla
nacionalidade. Quando eu decidi ter meu filho no Brasil, me veio à mente a
questão de como eu faria para registrar a criança na Coreia. Meu marido me explicou
que seria fácil e que, inclusive, ele poderia ter outro nome, como eu tinha
explicado no post anterior. Fiquei rindo pensando como
uma pessoa teria dupla identidade. Mas isso não só é possível como é comum em
um país onde existe uma métrica muito específica na hora de nomear alguém.
Então, quando meu
bebê nasceu no Brasil, há um mês e três semanas, aproveitamos que cinco dias depois
meu marido iria para a Coreia, e providenciamos rapidamente uma certidão de
nascimento para ele. Além disso, precisava de uma tradução juramentada para
coreano ou inglês. Se eu morasse em São Paulo, talvez seria fácil achar um
tradutor para coreano, mas, no Rio de Janeiro, optamos pelo inglês mesmo. Na
Coreia, foi necessário levar esse documento a uma sub-prefeitura, que é um
órgão do governo dividido por áreas administrativas da cidade (nome do bairro
+ 청 [chong], foto). Também é necessário
apresentar a certidão de casamento dos pais e o certificado de relação familiar
(가족 관계 증명서).
Pronto. Poucos
dias depois de nascer, ele já tinha registro no Brasil e na Coreia, ou seja,
uma dupla nacionalidade, que vai poder manter até os 18 anos. Quando alcançar a
maioridade, terá que optar por uma só, por questões militares, já que os homens
são obrigados a servir o Exército na Coreia do Sul. A questão foi na hora de
escolher o nome dele, que meu marido decidiu por Min-Ho (민호). Isso quer
dizer que ele quebrou a tradição da família, pois todos os meninos da geração
do nosso filho (ou seja, os primos dele) deveriam ter a sílaba “Seob” (섭) no nome. Mas, de acordo com ele, essa terminação soava muito mal, mesmo
tendo um significado interessante (“harmonia”). E agora ele tem dois nomes:
Alan Annunciação Choi e 최민호 (Choi Min-Ho).
Símbolos dos clãs coreanos: tradições são essenciais para esse povo |
Outro caminho, talvez mais fácil para quem não pode ir à Coreia, seria
registrá-lo na embaixada ou consulado coreano no Brasil. Isso leva um pouco
mais de tempo (uns dois meses) para ficar pronto e é necessário apresentar
alguns documentos: registro de casamento dos pais efetuado na Coreia; formulário
de registro preenchido; certidão de nascimento original (sem devolução); passaporte
original e cópia dos pais; registro familiar dos pais. Agora, só falta tirar um
passaporte para ele tanto no Brasil quanto na Coreia e ele vai poder sair pelo
mundo, visitando até 166 países, inclusive os EUA, sem necessidade de visto (meu
baby está chique).
Eu também poderia tirar minha cidadania coreana, mas teria que abrir mão
da minha nacionalidade brasileira (pelo menos, enquanto estivesse em território
coreano), e é um processo bem demorado e trabalhoso. Por isso, decidi continuar
com meu passaporte brasileiro mesmo e, se for para os EUA, entro na fila para
tirar visto. Fazer o quê? Na verdade, estrangeiros podem conseguir a cidadania
coreana e há diversos interessados nessa fila. Escrevi sobre isso no BrazilKorea,
site que atualizo e, quem tiver curiosidade, pode saber mais aqui.
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Eu vivo pedindo desculpas e vou ter que fazer isso mais uma vez. Fiquei
longe daqui por mais de um mês. Cuidar de um bebê tão lindo e gracioso dá
trabalho demais. E deixa a gente cansada e sem dormir. Estou planejando vários
posts interessantes, mas me faltam determinação e tempo para isso. Ainda mais
agora que, até dia 13 de dezembro, tenho provas da faculdade e estou estudando pra
caramba. E ainda tem a monografia. Mas prometo que escrevo pelo menos mais
alguma coisinha até o fim do ano. Podem deixar sugestões do que gostariam de
saber e vai ficar mais fácil para mim. Até mais!