No
início de 2013, eu e meu atual marido decidimos nos casar no civil no Brasil. Após
pesquisar um pouco sobre documentação e valores, percebi que demoraria muito e
gastaríamos uma boa grana para dar prosseguimento ao processo, mas fomos em
frente. Tiramos uma certidão de nascimento para ele no Consulado da Coreia do
Sul em SP, traduzimos para o português e registramos o passaporte dele. Tudo
certinho, mesmo custando mais de 2 mil reais. Quando fomos ao cartório de
Pilares (o único em que eu podia casar pelo meu endereço) para dar entrada, juntamente
com as duas testemunhas, a funcionária do local alertou que havia algo errado:
precisaria de um intérprete juramentado tanto para protocolizar quanto para o
dia da assinatura do documento, o que daria mais 1,2 mil reais (fora a taxa
consular de uns 500 reais) e ainda levaria, em média, três meses para finalizar
tudo.
O excesso de burocracia acabou criando muito estresse,
mas, como no Brasil cada cartório segue regras independentes, decidimos dar
andamento pelo cartório de Copacabana, onde meu marido morava na época. Lá,
eles não pediam intérprete e a exigência de documentos era bem menor, o que seria
mais barato e ficaria tudo pronto em cerca de um mês. Acabou que, nesse meio
tempo, minha mãe morreu e o Jerry (meu marido) desenvolveu um problema nos rins
e no fígado e, por não confiar no sistema de saúde brasileiro depois da
sequência de erros médicos que levou à morte da minha mãe, decidiu voltar às
pressas para a Coreia. Por isso, depois de uns três meses tentando, pagamos e
não conseguimos casar no Brasil.
Contei tudo isso para mostrar como certos entraves
complicam qualquer coisa no nosso país e, na nossa situação, foi ainda pior. No
entanto, na Coreia, quase tudo é de graça e, em no máximo uma semana, já sai a
certidão de casamento. Além disso, os cartórios exigem poucos documentos, o que
diminui a duração total do decurso. Se eu soubesse que o caminho contrário era
mais fácil, não teria tentado casar primeiro no Brasil. O meu post de hoje é
sobre isso. Quando fui estudar na Coreia, em setembro do ano passado, já tinha
planos de casar no civil lá, ou, como eles chamam, 혼인신고 (honin shingo) e depois registrar no
Brasil. Por isso, levei meus documentos traduzidos para o inglês e pedi para dois
amigos assinarem uma declaração de estado civil antes de eu partir, porque li
que isso era necessário para o casamento coreano. Então, foi tudo muito simples.
Basicamente, estrangeiros que casem com coreanos
precisam somente comprovar que são solteiros, por meio de algo reconhecido pela
embaixada do seu país e um atestado de filiação do interessado, traduzido para
o coreano ou inglês. No caso de cidadão brasileiro, pode ser a identidade ou a
certidão de nascimento. O site da Embaixada do
Brasil mostra as exigências para a emissão da papelada necessária. A
“declaração consular de estado civil”, por exemplo, tem um custo de 22,5 mil
wons (uns 50 reais) e leva cerca de três dias úteis para ficar pronta. Mas a
pessoa tem que ter sorte, porque algumas atendentes parecem que estão lá para
dificultar a sua vida. Uma das funcionárias do órgão foi tão “simpática”, que
ficou insistindo que podia demorar mais e blá, blá, blá.
E, para solicitar essa declaração, precisa de original
e cópia do passaporte brasileiro (páginas 1, 2 e 3); um formulário preenchido
e assinado pelo declarante e duas testemunhas de qualquer nacionalidade, e esse documento pode ser assinado pessoalmente ou, caso elas não estejam presentes no momento,
tem que reconhecer a assinatura em cartório; além de um original e cópia da
certidão de nascimento, segunda via, emitida nos últimos seis meses. No meu
caso, isso foi tranquilo, porque já tinha tirado um pouco antes de sair do
Brasil, mas eu fico imaginando se o brasileiro já estivesse morando na Coreia
há um ano ou mais e decidisse se casar com um coreano. Como ele faria para
tirar uma segunda via da certidão de nascimento? O governo brasileiro sempre causando
problemas.
Com isso
em mãos, basta ir a um tipo de sub-prefeitura coreana, que é um órgão do governo dividido
por áreas administrativas da cidade (nome do bairro + 청 [chong]). Ao se dirigir ao Centro de Atendimento ao Cidadão (foto) do prédio, os interessados preenchem o
formulário (foto) com informações pessoais como nome, local e data de nascimento.
Então, os noivos e duas testemunhas assinam, mas só uma das partes precisa
estar presente na data do registro. Para o/a coreano(a), só é necessário o
certificado de relação familiar (가족 관계 증명서) e
alguma identidade com foto. Em relação ao estrangeiro, já explicitei
anteriormente as exigências. Depois que entregar tudo, os dois já podem se
considerar casados, mas precisam apenas esperar que a certidão de casamento
seja emitida (o que leva em torno de uma semana). E não há nenhuma taxa
consular ou algo do gênero.
Cartório onde casei |
Centro de Atendimento ao Cidadão da sub-prefeitura de Seogu, Daejeon |
Os brasileiros precisam saber que o casamento
só terá validade no seu país de origem se for registrado na embaixada, que fica no bairro turístico de Gwanghwamun, em Seul (fotos da vista do lado de fora). No dia de dar entrada, basta que o brasileiro compareça com a
documentação exigida, depois de traduzir duas certidões para inglês, espanhol,
francês ou português (mas aviso que é mais fácil encontrar tradutor para inglês).
Também é necessário pagar 60,000 wons (uns 120 reais). Quando a certidão de casamento
estiver pronta, os dois precisam estar presentes para assinar e escolher o
regime de bens, já que isso não existe na Coreia. O prazo mínimo é de três dias
úteis, mas uma das “adoráveis” funcionárias da embaixada me alertou que eles só
cumprem esse tempo se não tiver nenhum problema técnico. Ou seja, depende do
humor dela e do computador não quebrar.
Palácio de Gyeongbukgung visto da janela da embaixada do Brasil em Seul Foto: Ariane Rodrigues |
E, por último, casar na embaixada não é
suficiente. Depois disso, o noivo brasileiro (ou um procurador) tem um prazo de
seis meses para transcrever essa certidão no primeiro cartório da sua região no
Brasil. Isso mesmo. É preciso voltar para sua cidade natal e fazer a solicitação.
No Rio de Janeiro, tem que ser na Ilha do Governador. As informações detalhadas
estão no site do órgão,
mas já adianto que o processo custa uns 325 reais e o documento fica pronto em
cerca de dez dias úteis. Depois disso, a pessoa já pode se considerar casada
tanto no Brasil quanto no exterior. E isso é necessário para ter o visto
permanente (o famoso “green card”) na Coreia, chamado de F6. Apenas casar pela
lei local não te dá direito a morar lá. E, como os coreanos não permitem dupla
nacionalidade, o brasileiro pode apenas trocá-la, o que significa que tecnicamente
deixaria de ser brasileiro, mas isso é opcional.
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Finalmente, depois de mais de um ano
tentando, nesta sexta-feira (11/07), já poderei me considerar casada no Brasil. E, quando voltar para a Coreia, terei direito à residência lá. Mesmo com esses detalhes burocráticos para emissão de visto para estrangeiro, eu ainda recomendo que os brasileiros casem antes pela lei coreana e depois façam o registro no Brasil. Acaba saindo mais barato e mais rápido. Mas, para quem não mora na Coreia, realmente fica mais fácil o caminho inverso, já que as passagens são extremamente caras (mais de 4 mil reais, ida e volta) e essa ponte aérea pode criar um custo ainda maior. Para quem está nesse processo, boa sorte.
Eu estou querendo estudar na Coréia por um tempo. Como vou passar uns tempos por ai gostaria de saber se as coreanas namoram com brasileiros, soube que eles tem um padrão de beleza muito exagerado , pois só vejo coreanos brancos com o rosto muito delicado, além de muito fazerem cirurgias para afinar o rosto e coisas do tipo. Brasileiros não são muito delicados, e nosso jeito de ser mais atirado talvez seja mal visto. Muito bom o seu blog. :D. Beijos e abraços para você e seu marido.
ResponderExcluirRafael, você pode achar pessoas de todos os gostos no mundo. As mulheres coreanas às vezes são exigentes. Mas se você for carinhoso e atencioso, sempre vai ter alguém que queira algum compromisso com estrangeiro. As famílias das coreanas podem ser um empecilho. Por causa da questão dos clãs, é o homem que leva linhagem da família. Dizem que eles aceitam menos estrangeiros casados com coreanas que o contrário. Mas boa sorte!
ExcluirO namoro entre um coreano e uma brasileira, é igual ao tradicional?(coreano com coreana) tipo, eles tratam da mesma forma ou há alguma indiferença por ser brasileira? E os país aceitam?
ResponderExcluirO namoro entre um coreano e uma brasileira, é igual ao tradicional?(coreano com coreana) tipo, eles tratam da mesma forma ou há alguma indiferença por ser brasileira? E os país aceitam?
ResponderExcluirEntão só necessito de documentos traduzidos para coreano ou ingles
ResponderExcluire a declaração consular de atestado civil? Posso tirar essa declaração aqui no Brasil e levar pronta ou necessario tirar na coreia?
Devo retornar para o Brasil sem meu marido coreano, para que eu consiga validar o casamento no Brasil, ele precisa estar presente?
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Excluiroi amanda, eu tambem gostaria muito de saber ,vc ja tem alguma resposta?
ExcluirOi, Amanda. Não precisa estar presente. Eu fiz isso sozinha. Só o cônjuge brasileiro. No seu caso, você, precisa ir ao cartório. O primeiro da sua cidade.
ExcluirAriane querida... os documentos que voce levou traduzidos para o ingles.. teve que ser por tradutor juramentado?? Estou indo para coreia daqui alguns meses e estou totalmente perdida, pois irei me casar. Mas estou com medo de nao levar documentação certa..
ResponderExcluirMe da uma ajuuuda pelo amor de Deus...Então no caso os unicos documentos que devo levar é: certidao de nascimento(6 meses), identidade, passaporte (pg.1,2 e 3) traduzidas para o ingles.. o resto a gente resolve lá?
ExcluirEu levei tudo juramentado! Na dúvida, traduza tudo para o inglês e, de preferência, juramentado.
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ExcluirMuito obrigada, por tirar minhas duvidas estou providenciando com o rapaz a traducao - Você precisou de certidão de celibato e certidão de antecedentes criminais?
ResponderExcluirNão precisou. O que eu levei: - certidão de nascimento traduzida e juramentado, passaporte, a certidão dizendo que eu sou solteira. Eu pedi para dois amigos assinarem no Brasil e peguei o documento final na na Embaixada do Brasil em Seul).
ExcluirSe tiver mais alguma pergunta, me envia por e-mail: annunciacao.ariane@gmail.com
ExcluirMuito obrigada... te mandei um e-mail com algumas duvidas kkk Maaais em o F6 você só conseguiu retirar em Brasilia?
ExcluirOu somente com as duas certidões em mãos eu posso morar lá?
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ResponderExcluirComo faço para retirar o F6?? Porque eu descobri que não preciso vir ao Brasil para fazer a transcrição de casamento - posso mandar por correio... Mas a moça da embaixada não soube me informar como tiro o F6... Quer falar com alguém que saiba falar coreano! Como voce retirou o seu? Eu posso retirar la mesmo na coreia?
ResponderExcluirO que precisa pra tirar o visto?
ResponderExcluirolá poderia me informa o que precisa para tirar o f6 , eu estou toda confusa não sei o que faço kkkk
ResponderExcluirOlá! tenho muitas duvidas a respeito da Coreia , sempre gostei muito do pais e tenho pretensões de ir em breve pois agora estou conhecendo um coreano pela internet , nos vemos por vídeo e conversamos , li num site que não precisa ter passaporte para ir se for ficar menos de 90 dias isso é verdade ? Nossa eu tenho tantas perguntas e duvidas, estou começando aulas de coreano mais ainda não falo nada é muito difícil se comunicar pelo tradutor e falr com um brasileiro que mora na coreia é esclarecedor. Obrigada
ResponderExcluirMuito bem editado o seu post, aliando informações precisas e com muito humor. Parabéns.
ResponderExcluirPara casar na coreia precisa ter idade mínima (para o estrangeiro)?
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