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quinta-feira, 26 de março de 2015

Atividades gratuitas para estrangeiros em Daejeon

Antes de minha viagem para a Coreia, como queria estudar coreano, pesquisei muitas informações na Internet, comparei preços e benefícios entre as universidades e outras opções gratuitas. Uma das minhas primeiras descobertas, no entanto, foi o Daejeon International Community Center (DICC), hoje DIC, que oferece diversos eventos e atividades de graça para estrangeiros. E foi lá também que conheci a primeira brasileira na cidade onde morava. Fiquei mais de seis meses na Coreia sem encontrar nenhum conterrâneo.
Aulas de coreano, aluguel de hanbok e grupos de discussão no DIC
O atual Daejeon International Center (DIC) é administrado pela prefeitura de Daejeon, cidade na região central do país, e mantém aulas de coreano, bazares, grupos de estudo sobre assuntos globais, tutorias com nativos, além de prestar informações e promover diversos eventos para unir as comunidades de estrangeiros na Coreia. Tem até aluguel de hanbok (roupas tradicionais coreanas) por um preço super em conta. E eu adorei desde o início.

Quando fui pela primeira vez, eram oferecidas aulas de coreano de graça durante os dias de semana à tarde (menos na quarta-feira). Hoje em dia, eles mudaram isso e só tem aos sábados. Na época, eu aproveitava e saía correndo diariamente da Chungnam National University (CNU), onde fazia o curso intensivo do idioma, e ia ter uma formação complementar no DIC. Deu muito certo para mim. Em três meses, meu nível de coreano já estava razoável, de forma que eu conseguia entender a minha sogra bastante, já que ela é coreana e não fala outra língua.

Nesse centro, localizado em frente à estação do trem de Daejeon, encontram-se à disposição, materiais gratuitos em mais de dez idiomas, com dicas de roteiros culturais e trajetos dos ônibus da cidade. Há ainda uma biblioteca com livros de aprendizado de coreano ou a respeito do país e seus costumes. Também é possível alugar hanboks para eventos. O espaço ocupa dois pisos do prédio: no 4º andar, está a biblioteca e a recepção, enquanto que o 3º andar conta com três salas de aula.

Para se inscrever no aluguel dessas vestimentas, é necessário apenas apresentar passaporte ou cartão de estrangeiro (Alien registration card) e pagar uma taxa de 12 mil wons (cerca de 30 reais) caso o hanbok seja utilizado fora das instalações do DIC ou por mais de uma hora seguida. Esse valor é revertido para os custos de lavanderia. O prazo para devolução é de, no máximo, 48 horas.

Nas salas do andar inferior, são oferecidos cursos de coreano com professores nativos. As aulas acontecem sempre aos sábados e são divididas entre quatro níveis, do básico ao avançado, além das turmas especiais de preparação para o Topik, exame de proficiência em língua coreana. Os horários são definidos a cada trimestre com a formação dos grupos iniciando no primeiro sábado de janeiro, abril, julho e outubro. A ficha de inscrição está disponível no site do DIC. E o material didático utilizado são os livros da Seogang University.

Há ainda grupos de discussão formados no Daejeon International Center relativos a temas de civismo global, em inglês, coreano, chinês, e vietnamita. Jovens universitários ou demais estrangeiros podem ainda debater outros assuntos internacionais. Além disso, há os bazares de caridade, com doação de itens novos, usados e semi-novos para venda. A equipe desse centro também está sempre pronta para atender visitantes de diversos países.

:: Daejeon International Center (DIC)::

Endereço: 300-160 4th floor Juwon BLD 799, Daejeon-ro, Dong-gu, Daejeon (em frente à estação de trem de Daejeon)
Telefone: 042-223-0789 / FAX : 042-223-0790 / E-mail : dicc@dicc.or.kr
Horário de Funcionamento: Segundas, terças e sextas: 09h às 18h / Quartas e quintas: 9h às 21h / Sábados: 9h às 17h
Não abre aos domingos e feriados
Linhas de Ônibus: 1, 2, 101, 102, 103, 201, 202, 30, 31, 311, 313, 314, 317, 52, 501, 511, 512, 514, 60, 62, 63, 603, 605, 606, 607, 611, 612, 613, 614, 615, 616, 701, 711, 802
Metrô: Daejeon Station, saída 2
Site: http://en.dicc.or.kr/smain.html

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Este post é uma versão de outro que escrevi para o BrazilKorea, site que eu atualizo.

terça-feira, 10 de março de 2015

Como os coreanos reagem a estrangeiros?

Depois do post sobre a opinião dos coreanos a respeito do Brasil, uma pergunta que ouço muito é relativa à reação dos coreanos quando encontram com estrangeiros. O engraçado é que, quando comecei a conversar com meu marido, ele me disse que já era adolescente na primeira vez que viu uma pessoa que não era oriental, e, mesmo assim, ficou chocado por causa da diferença. Mas isso foi na década de 1990. Hoje em dia, a quantidade de estrangeiros na Coreia aumentou consideravelmente. E, com isso, é (um pouco) mais comum encontrar pessoas de diferentes etnias nas ruas do país.


Consequentemente, tornou-se mais fácil de aceitar a presença de gente de diversas nacionalidades. A grande parte dos coreanos é super simpática, e mesmo que eles sejam um povo mais fechado, sempre tem alguns que gostam de puxar papo para saber de onde você é e o que faz no país. Além disso, para aqueles que não têm traços asiáticos, os olhares serão inevitáveis, já que a maioria dos coreanos ainda mantém certa homogeneidade, sendo, de certa forma, parecidos. E é bom ressaltar que eles não são todos iguais, como muita gente costuma dizer no Brasil.

Minha sogra me disse uma vez que é mais fácil para os coreanos me aceitarem por causa da cor da minha pele e cabelo. Se eu fosse loira ou negra, segundo ela, talvez houvesse mais estranhamento. De qualquer forma, eu vou ser sempre vista como estrangeira na Coreia, não importa o quão fluente eu fale coreano ou o quanto siga os padrões deles. Assim, separei uma lista de algumas reações que percebi se repetirem entre os coreanos quando encontram com um estrangeiro:

Estrangeiros asiáticos: Chineses e japoneses, por exemplo, conseguem passar despercebidos no meio da multidão e não chamam tanto a atenção. Mas exatamente a semelhança pode criar situações constrangedoras, principalmente se a pessoa não souber coreano ou desconhecer certos fatores culturais. Eu, por exemplo, saía muito com colegas chineses e, embora meu nível do idioma fosse melhor que o deles e eu que tivesse feito alguma pergunta, os atendentes de lojas e restaurantes cismavam em falar olhando diretamente para os chineses que estavam comigo. Aí, meus amigos não entendiam e eu que respondia, mas os coreanos continuavam me ignorando e só olhando para os outros de olhinhos puxados. Uma questão de identificação.

Atendentes de rede de fast food: Muita gente me dizia que não dá para se virar com inglês na Coreia. Ótimo! Eu queria mesmo praticar coreano. Chegava à lanchonete, pedia meu lanche usando todo o vocabulário de coreano que tinha aprendido e, então, o atendente retrucava com alguma pergunta em inglês.  Eu insistia no coreano e a pessoa continuava no inglês. Eu dizia que sabia coreano e parecia que tinha falado grego, literalmente. E isso foi mais comum do que eu imaginava. Aconteceu diversas vezes comigo. Enquanto você quer aprender o idioma deles, eles querem aproveitar para praticar inglês também.

Ajhumas: Consideradas o melhor que a Coreia tem a oferecer, as ajhumas (senhoras de meia idade com personalidade forte) são as que reagem à presença de estrangeiros da forma mais interessante. Se você foi à Coreia e nunca apanhou de uma, sorte a sua. Algumas dão tapas nas costas tão dolorosos que até deixam marcas. Mas não é que sejam pessoas ruins. Elas são ótimas. Eu experimentei a força dessas mulheres duas vezes. Uma ficou muito feliz com a minha presença, começou a rir sem parar e a dar tapinhas em mim. No dia seguinte, enquanto contava para uma amiga alemã o que aconteceu, a gente se deparou com outra  situação bem parecida.

Ajhuma que pediu para tirar foto comigo no Baekje Cultural Festival
Muitas adoram a presença de estrangeiros e acham super diferente. Por isso, ficam meio eufóricas e começam a falar alto contigo, riem apontando pra você (não para zombar, mas por achar interessante), te cumprimentam milhares de vezes. Eu ia muito com minha sogra ao SPA. As amigas dela sempre ficavam curiosas e vinham falar com ela alguma coisa sobre mim. E sempre ficavam impressionadas quando eu respondia algo em coreano. Coreanos, em geral, têm muito orgulho do idioma deles.

Evangélicos: Há muitas Testemunhas de Jeová e outras denominações de igrejas protestantes na Coreia. E eles adoram converter estrangeiros. Eu sempre fui um ímã para missionários diversos. Na primeira vez, achei a menina tão simpática. Ela disse que queria praticar inglês, foi conversando, pediu meu telefone. Quando vi, já estava quase indo ao culto, embora tivesse dito a ela repetidamente que eu era católica. E fui abordada dezenas de vezes, mas, depois de um tempo, já percebia as intenções do grupo e me esquivava. Eu confesso, no entanto, que sempre peguei os lenços umedecidos e balinhas que eles dão de brindes.

Interessados em praticar inglês: Conforme mencionado, vários coreanos abordam estrangeiros para praticar inglês, desde criancinhas até idosos. Uma menina de uns 7 anos, uma vez, me parou porque ela frequentava uma creche internacional e sabia inglês. Esse idioma, dizem eles, é tão difícil que eles precisam aproveitar cada oportunidade para fazer uso dele. Foram vários os casos de pessoas que começaram a falar comigo do nada, em inglês sempre, querendo puxar assunto, saber de onde eu sou. Teve um rapaz, certa vez, dentro de um ônibus, que gritou, apontando pra mim, em inglês, perguntando de onde eu era. Quando disse Brasil, ele ficou todo empolgado, dizendo que sabia espanhol (?) e que queria muito conhecer meu país.

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Enfim, as reações dos coreanos a estrangeiros são quase sempre positivas e em tom de surpresa e curiosidade. Não posso falar nada, porque até eu mesmo, no Brasil, quando percebo que tem algum grupo falando outro idioma, já fico super curiosa para saber de onde são. Inclusive, em alguns momentos, converso mesmo com eles e puxo assunto. Com os coreanos, é a mesma coisa. O problema é só que, depois de um tempo morando no país, a gente não acha mais tão bonitinho ser abordado várias vezes. Mas é algo inevitável e vai continuar acontecendo sempre.