Translate

terça-feira, 10 de março de 2015

Como os coreanos reagem a estrangeiros?

Depois do post sobre a opinião dos coreanos a respeito do Brasil, uma pergunta que ouço muito é relativa à reação dos coreanos quando encontram com estrangeiros. O engraçado é que, quando comecei a conversar com meu marido, ele me disse que já era adolescente na primeira vez que viu uma pessoa que não era oriental, e, mesmo assim, ficou chocado por causa da diferença. Mas isso foi na década de 1990. Hoje em dia, a quantidade de estrangeiros na Coreia aumentou consideravelmente. E, com isso, é (um pouco) mais comum encontrar pessoas de diferentes etnias nas ruas do país.


Consequentemente, tornou-se mais fácil de aceitar a presença de gente de diversas nacionalidades. A grande parte dos coreanos é super simpática, e mesmo que eles sejam um povo mais fechado, sempre tem alguns que gostam de puxar papo para saber de onde você é e o que faz no país. Além disso, para aqueles que não têm traços asiáticos, os olhares serão inevitáveis, já que a maioria dos coreanos ainda mantém certa homogeneidade, sendo, de certa forma, parecidos. E é bom ressaltar que eles não são todos iguais, como muita gente costuma dizer no Brasil.

Minha sogra me disse uma vez que é mais fácil para os coreanos me aceitarem por causa da cor da minha pele e cabelo. Se eu fosse loira ou negra, segundo ela, talvez houvesse mais estranhamento. De qualquer forma, eu vou ser sempre vista como estrangeira na Coreia, não importa o quão fluente eu fale coreano ou o quanto siga os padrões deles. Assim, separei uma lista de algumas reações que percebi se repetirem entre os coreanos quando encontram com um estrangeiro:

Estrangeiros asiáticos: Chineses e japoneses, por exemplo, conseguem passar despercebidos no meio da multidão e não chamam tanto a atenção. Mas exatamente a semelhança pode criar situações constrangedoras, principalmente se a pessoa não souber coreano ou desconhecer certos fatores culturais. Eu, por exemplo, saía muito com colegas chineses e, embora meu nível do idioma fosse melhor que o deles e eu que tivesse feito alguma pergunta, os atendentes de lojas e restaurantes cismavam em falar olhando diretamente para os chineses que estavam comigo. Aí, meus amigos não entendiam e eu que respondia, mas os coreanos continuavam me ignorando e só olhando para os outros de olhinhos puxados. Uma questão de identificação.

Atendentes de rede de fast food: Muita gente me dizia que não dá para se virar com inglês na Coreia. Ótimo! Eu queria mesmo praticar coreano. Chegava à lanchonete, pedia meu lanche usando todo o vocabulário de coreano que tinha aprendido e, então, o atendente retrucava com alguma pergunta em inglês.  Eu insistia no coreano e a pessoa continuava no inglês. Eu dizia que sabia coreano e parecia que tinha falado grego, literalmente. E isso foi mais comum do que eu imaginava. Aconteceu diversas vezes comigo. Enquanto você quer aprender o idioma deles, eles querem aproveitar para praticar inglês também.

Ajhumas: Consideradas o melhor que a Coreia tem a oferecer, as ajhumas (senhoras de meia idade com personalidade forte) são as que reagem à presença de estrangeiros da forma mais interessante. Se você foi à Coreia e nunca apanhou de uma, sorte a sua. Algumas dão tapas nas costas tão dolorosos que até deixam marcas. Mas não é que sejam pessoas ruins. Elas são ótimas. Eu experimentei a força dessas mulheres duas vezes. Uma ficou muito feliz com a minha presença, começou a rir sem parar e a dar tapinhas em mim. No dia seguinte, enquanto contava para uma amiga alemã o que aconteceu, a gente se deparou com outra  situação bem parecida.

Ajhuma que pediu para tirar foto comigo no Baekje Cultural Festival
Muitas adoram a presença de estrangeiros e acham super diferente. Por isso, ficam meio eufóricas e começam a falar alto contigo, riem apontando pra você (não para zombar, mas por achar interessante), te cumprimentam milhares de vezes. Eu ia muito com minha sogra ao SPA. As amigas dela sempre ficavam curiosas e vinham falar com ela alguma coisa sobre mim. E sempre ficavam impressionadas quando eu respondia algo em coreano. Coreanos, em geral, têm muito orgulho do idioma deles.

Evangélicos: Há muitas Testemunhas de Jeová e outras denominações de igrejas protestantes na Coreia. E eles adoram converter estrangeiros. Eu sempre fui um ímã para missionários diversos. Na primeira vez, achei a menina tão simpática. Ela disse que queria praticar inglês, foi conversando, pediu meu telefone. Quando vi, já estava quase indo ao culto, embora tivesse dito a ela repetidamente que eu era católica. E fui abordada dezenas de vezes, mas, depois de um tempo, já percebia as intenções do grupo e me esquivava. Eu confesso, no entanto, que sempre peguei os lenços umedecidos e balinhas que eles dão de brindes.

Interessados em praticar inglês: Conforme mencionado, vários coreanos abordam estrangeiros para praticar inglês, desde criancinhas até idosos. Uma menina de uns 7 anos, uma vez, me parou porque ela frequentava uma creche internacional e sabia inglês. Esse idioma, dizem eles, é tão difícil que eles precisam aproveitar cada oportunidade para fazer uso dele. Foram vários os casos de pessoas que começaram a falar comigo do nada, em inglês sempre, querendo puxar assunto, saber de onde eu sou. Teve um rapaz, certa vez, dentro de um ônibus, que gritou, apontando pra mim, em inglês, perguntando de onde eu era. Quando disse Brasil, ele ficou todo empolgado, dizendo que sabia espanhol (?) e que queria muito conhecer meu país.

-----------

Enfim, as reações dos coreanos a estrangeiros são quase sempre positivas e em tom de surpresa e curiosidade. Não posso falar nada, porque até eu mesmo, no Brasil, quando percebo que tem algum grupo falando outro idioma, já fico super curiosa para saber de onde são. Inclusive, em alguns momentos, converso mesmo com eles e puxo assunto. Com os coreanos, é a mesma coisa. O problema é só que, depois de um tempo morando no país, a gente não acha mais tão bonitinho ser abordado várias vezes. Mas é algo inevitável e vai continuar acontecendo sempre.

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Muito obrigada pelo post tão legal sobre um assunto que eu estava curiosa.
    Pelo que você escreveu, é uma questão de saber encarar numa boa, né?
    Já li relatos de muita gente que se irrita por menos do que você escreveu e leva má impressões de ser estrangeiro.
    Acredito que realmente, pessoas negras como eu devam causar bastante estranhamento no meio asiático.
    Quando faliu das ajhumas lembrei dos doramas. Pelo visto tem um que de caricato, mas elas realmente são empolgadas na "vida real".
    Parabéns pelo blog!

    ResponderExcluir
  3. Verdade, Cris Li. Eu sou compreensiva. Entendo que os coreanos convivem pouco com diferenças étnicas. Deve ser um choque ver pela primeira vez alguém que não seja oriental. E, pra você não pirar, tem que levar numa boa a questão de ser estrangeira, né? ^^

    ResponderExcluir
  4. olá tudo adorei seu blog, queria saber uma pessoa como eu que não sabe por onde começa para ter cidadania por onde devo começa por mim ajudar?

    ResponderExcluir
  5. Eu tenho o sonho de conhece Seul e tokio

    ResponderExcluir