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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Os 100 dias de vida de um bebê coreano

Antes do nosso bebê nascer, a primeira recomendação que recebi do meu marido foi: não fique tirando fotos da criança até ela completar 100 dias. Quando questionei o motivo, ele explicou que os coreanos têm o costume de não apresentar os filhos para parentes e amigos até esse marco, quando já se passaram mais de três meses de vida. É porque, na Coreia, as mães e recém-nascidos ficam esse tempo sem sair de casa por causa da fragilidade dos dois, com medo de adquirir doenças. Foi quando percebi o simbolismo dessa data, que permanece até os dias de hoje.

Os 100 dias de um bebê são marcados por muita comida
e uma sessão de fotos
Foto: Lee Doval
Há várias teorias que explicam o início da tradição dos 100 dias, chamada de Baek-il (백일), seguida não somente na Coreia, mas também em outros países do Leste Asiático, como China e Japão. Antigamente, muitos bebês morriam antes dos três meses, quando a medicina não era tão desenvolvida. Assim, quando chega o 100º dia de vida do bebê, as famílias fazem uma grandiosa festa, quase tão importante quanto a de um ano (também celebrada bastante na Coreia) e eles convidam uma grande quantidade de pessoas. Acredita-se que, se você dividir alguns pratos especiais com 100 pessoas, os filhos terão uma vida longa e saudável. 

Existem dois momentos principais da festa mais tradicional. O primeiro é quando membros da família dão graças aos três deuses que cuidam da vida do bebê enquanto ele cresce, chamados de Samsin (삼신). Depois, numa segunda etapa, eles rezam para que a criança tenha riqueza (재악), vida longa e sorte (초복). E quatro pratos não podem faltar: baekseolgi (백설기), representando o frescor e limpeza; injolmi (인절미), para dar paciência, songpyeon (송편), para bons pensamentos; e susupo-ttteok (para evitar maus pensamentos).
 Baekseolgi (백설기), bolos de arroz decorados Foto: jaiso.com
Injolmi (인절미), mais bolos de arroz com recheios e coberturas diferentes
Foto: 
uifarm.com
Songpyeon (송편), bolos de arroz usados no Ano Novo lunar
Foto: 
blog.daum.net
Atualmente, foram acrescentados outros costumes que marcam a data, como é o caso de uma sessão de fotos da criança. Nessa geração da Internet, divulgação de imagens é fundamental. No entanto, por ficarem esses 100 dias sem poder mostrar o bebê, acabou se tornando essencial como forma de apresentação dele para o mundo. Geralmente, ela se veste com roupinhas fofas, tradicionais, vestidinhos, no caso das meninas e terninhos, quando meninos.

As fotos dos 100 dias podem ser bem criativas ou simplesmente fofas
Foto: Lee Doval

Também são apresentadas, geralmente, algumas comidas à criança, como bolo de arroz, sopas e frutas, porque eles acham que é a partir desse momento que ela pode começar a se alimentar de outras coisas além do leite materno. Outra tradição comum é dar anéis ou pulseiras de ouro 24k ao bebê e, depois, quando a criança crescer e não couber mais nela, o acessório é transformado em uma jóia para a filha (se for menina) ou para a futura esposa do filho (se for menino). Além disso, um costume que também foi mantido é o de raspar a cabeça da criança nessa data para que o novo cabelo possa crescer mais forte e com mais rapidez. E cada família ainda pode criar suas próprias tradições. É uma festa realmente muito rica.


5 comentários:

  1. Ola, descobri seu blog a pouco tempo e estou amando. Tbem sou casada com um coreano, mas ele vive no Brasil ha bastante tempo...
    Preciso da sua ajuda, meu marido faz aniversario daqui uns dias e gostaria de fazer um cafe da manha especial, sei que se come sopa de alga (nao sei escrever nada em coreano) neste dia mas o que mais posso fazer para acompanhar? Muito obrigada e parabens pelo blog.

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    1. Oi kaka, obrigada e que bom que gosta do meu blog. Sobre o aniversário do seu marido, além do myeok-guk (a sopa de algas) se quer fazer algo legitimamente coreano, se tiver arroz e kimchi, já é especial pra eles. De acompanhamento, acho que isso é bom o suficiente. haha

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    2. Oi Ariane, obrigada, temos arroz e kimchi sim, sempre! é que nos restaurantes vem aqueles montes de potinhos com mil misturinhas diferentes, kkkk e eu nao sei fazer nada de banchan.
      Ainda nao consegui ler seu blog todo, mas logo consigo! Tbem tenho uma bebe pequena e sabe como é né...bjs

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    3. Relaxa. Minha sogra, que é coreana, também não é muito boa com banchan. Por isso que eu não tenho muito como falar. Minha experiência gastronômica se resume ao que ela me ensinou. Aliás, se quiser me adicionar no Facebook para trocarmos mais ideias, é Ariane Annunciação. Sou a única com esse nome lá.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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